9 de outubro de 2012

Algumas reflexões sobre as eleições

Eu não costumo falar muito sobre política aqui no blog, apesar de gostar bastante de conversar sobre o tema (quando há respeito de ambas partes). Mas, infelizmente, algumas pessoas são meio intolerantes em discussões sobre política (assim como religião e futebol), e se expor a isso na internet nem sempre é uma boa...

Mas hoje eu resolvi falar um pouco sobre as eleições de domingo. O Brasil inteiro votou para prefeito e vereador, mas eu vou falar especificamente sobre a minha cidade natal, o Rio.

Pois bem, o atual prefeito Eduardo Paes estava se candidatando à reeleição. Eu não vivi o dia a dia do seu governo, porque me mudei pro Chile logo que ele começou. Mas acompanhei de longe, pela imprensa e pelos comentários de amigos e familiares, além de eventuais visitas à cidade.

O Rio vinha de anos de péssimas administrações, e me parece que o Paes teve o mérito de melhorar alguns pontos e fazer a cidade andar de maneira relativamente estável. Só que, na minha opinião, isso está longe de ser suficiente. Os supostos avanços em saúde, transporte, educação, segurança e moradia vêm todos acompanhados de um porém, e sempre tem gente por detrás ganhando com isso (empresários, empreiteiras, milicianos, etc). Paes representa a típica maneira de pensar da direita: melhorar os serviços públicos é um favor que fazemos para a população, e não o cumprimento dos direitos básicos de todos os cidadãos. Ai, ai...

Bom, nessas eleições vimos também surgir um candidato diferente: o deputado estadual Marcelo Freixo. Na minha opinião, Freixo sempre pareceu correto e coerente, e sua candidatura era a oportunidade de mudar a forma de pensar a prefeitura e os problemas da cidade. Sua campanha, que acompanhei de longe, foi muito bonita e mobilizou a juventude de uma maneira que não se via há muito tempo. O contraste com a campanha de Paes, com sua coligação de 20 partidos e muito mais tempo de televisão, era gritante.

Não, eu não acho que o Freixo seja perfeito (ninguém é!) e que o seu governo resolveria todos os problemas da cidade. Até porque, seria bem difícil governar com uma câmera de vereadores de oposição. Mas Freixo era uma esperança de governo com mais respeito aos cidadãos e menos falcatrua, coisas que a cidade do Rio precisa urgentemente.

Mas Paes foi reeleito. Ele já era o favorito, e ainda soube aproveitar a ojeriza que muita gente tem ao socialismo (imagina esse radical do Freixo no poder!) para ganhar no primeiro turno e com 64% dos votos. Serão mais 4 anos de governo, com direito à Copa e Olimpíadas, e eu só espero que a cidade e sua população não sofra muito com isso.
De qualquer forma, a candidatura do Freixo foi muito importante para despertar as pessoas e mostrar que existe uma outra forma de fazer política. Quem sabe no futuro ele consegue se eleger a prefeito ou governador?

E agora mudamos de tema para uma outra eleição que aconteceu no domingo: a presidencial da Venezuela. O atual presidente Chávez foi reeleito e fará mais 6 anos de governo. Vale destacar que a população da Venezuela o reelegeu DEMOCRATICAMENTE. Ao contrário do que muita gente diz, seu governo não é uma ditadura.

Eu não sou nenhuma grande fã do Chávez e não conheço os detalhes da vida na Venezuela, mas quando fui para lá em 2007 ouvi opiniões favoráveis sobre ele de muita gente, principalmente por causa das melhorias sociais feitas em seu governo. Além disso, reconheço totalmente a sua importância para a América Latina na última década. Chávez é um ferrenho opositor dos EUA e nos ajudou fortalecer a região. Sem ele, talvez tivéssemos a maldita ALCA hoje em dia, imaginem só... Espero que ele faça um bom governo na Venezuela nos próximos anos!

Um comentário:

  1. Querida irmã, só li hoje, muitos dias após esse infeliz resultado nas nossas eleições! Mas queria dizer que adorei seu texto. Apesar de não morar mais aqui, você descreveu as coisas exatamente como elas são. Uma pena que a maioria da população daqui não pense como você!

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