Eu já tinha
contado tudo sobre o andamento do concurso de Campinas aqui no blog, então nada mais justo que contar também o desfecho dessa história. Já aviso que não foi um desfecho muito feliz... mas já passou, e acho que foi para melhor!
Bom, como eu disse em outro post, a maior nota da primeira fase foi a minha, e eu só precisava ser considerada apta na segunda fase (avaliação psicológica) para ficar com a vaga.
Essa segunda fase estava marcada para o dia 5 de agosto. No dia 2 eu cheguei no Rio, e comprei passagem de ônibus Rio-Campinas para o dia 4, pela viação Cometa.
O ônibus saía do Rio às 23h45 e estava previsto para chegar em Campinas às 7h do dia seguinte. A avaliação psicológica era às 9h, e o local da prova relativamente perto da rodoviária. Como a viagem seria de madrugada, quando não há nenhum trânsito, o tempo entre a minha chegada na rodoviária e o começo da prova era mais do que o suficiente.
Saí então do Rio na hora marcada. O sono veio rápido, e na Dutra eu já dormia profundamente. Mas, de repente, senti que o ônibus estava parado. Olhei pela janela e vi que estávamos em Resende. Sonolenta, ouvi duas pessoas discutindo fora do ônibus, e uma delas gritando que era um absurdo ter que passar a madrugada na Dutra, que íamos atrasar muito e etc... mas passados uns 5 minutos o ônibus voltou a andar e eu, naquele estado entre sonho e realidade, voltei a dormir.
Mais um tempo se passou e eu senti que o ônibus estava novamente parado. Meu primeiro pensamento ao acordar foi que tinha tido um sonho horrível; sonhei que o ônibus enguiçava na Dutra e eu perdia o concurso. Alguns segundos depois, percebi que esse sonho era bem real: estávamos mesmo parados na Dutra!
Estávamos parados numa espécie de borracharia, não sei em que altura da estrada (era madrugada e estava tudo escuro). Conversando com outros passageiros, descobri que o ônibus estava com problema no sistema de esfriamento do motor e que o motorista estava tentando consertar. Demoramos um certo tempo nessa parada, mas finalmente voltamos a andar. Eu então relaxei (afinal, o atraso não tinha sido tanto e eu não ia perder a prova) e voltei a dormir.
Um pouco depois, porém, o ônibus parou de novo, no meio da estrada. Mas o motorista mexeu no motor novamente, e nós voltamos a andar. Até que ele parou de vez...
Estávamos em Pindamonhangaba. Alguns passageiros foram conversar com o motorista e ele disse que não dava para continuar com aquele ônibus, mas que já havia pedido outro para a Cometa. O ônibus substituto viria de Lorena, a 30km dali, então não demoraria muito para chegar.
Nesse ponto eu já estava bem preocupada. Tinha dormido pouco, e super mal, e corria um sério risco de perder a prova. Contei o meu drama para alguns passageiros e para o motorista, e todos me tranqüilizaram, porque o outro ônibus já estava chegando (o motorista disse que havia ligado novamente para a empresa, e disseram que já tinham saído de Lorena).
Eram 5h45 da manhã e todos me disseram que em 2h30 já estaríamos na rodoviária de Campinas (se o novo ônibus chegasse em 10 minutos, chegaríamos em Campinas às 8h25, ainda a tempo para a prova).
Mas o ônibus substituto só veio às 6h30 e, com isso, só chegamos em Campinas às 8h55 da manhã. Eu saí correndo em busca de um táxi, disse o endereço do local de prova, e perguntei se existia alguma possibilidade de chegar lá até às 9h. Os taxistas do ponto, morrendo de pena de mim (a minha cara devia estar horrível), disseram que era impossível chegar lá em 5 minutos (já haviam levado vários outros candidatos do concurso, e o percurso demorava entre 10 e 15 minutos).
E então eu perdi o concurso! Fiquei com muita raiva na hora e, juntando com todo o meu cansaço da horrível noite, comecei a chorar. Quando me acalmei um pouco, fui ao guichê da Cometa reclamar e a funcionária me disse que eu poderia preencher um formulário pedindo o reembolso do valor das passagens, que ela mandaria o meu pedido para o escritório central da empresa, em São Paulo.
Demorei mais de meia hora para conseguir botar todos os detalhes no papel, mas finalmente entreguei a reclamação. Fui então perguntar se havia algum ônibus mais cedo para o Rio, pois a minha passagem de volta estava marcada só para às 13h. Mas não, só havia um ônibus antes desse, às 10h, e já estava cheio. Nenhuma outra empresa fazia o percurso Campinas-Rio, e eu tive que ficar 3h esperando na rodoviária (estava muito cansada e desanimada para sair dali e andar pela cidade; além do mais, era domingo, e quase tudo estava fechado).
A espera foi um tormento, mas pouco a pouco fui me tranqüilizando e percebi que essa história de trabalho em Campinas simplesmente não era para ser. Mesmo que eu passasse, provavelmente não aceitaria o trabalho, e seguiria com o doutorado. O imprevisto simplesmente tomou a decisão por mim, no final das contas. Assim são as coisas da vida!
Mas é claro que não é nem um pouco legal fazer uma viagem de mais de 9h à tôa. E eu ainda tinha 7h30 de viagem de volta... Mas tudo bem, já estava mais tranqüila e ia aproveitar esse tempo para recuperar o meu sono.
E assim foi do começo da viagem até a parada para banheiro e comida em Guaratinguetá. Depois de meia hora de parada, recomeçamos a viagem e o meu sono começou a voltar... até que o ônibus parou novamente.
O motivo dessa vez foi um acidente de caminhão, que fechou as pistas e simplesmente parou o trânsito. Já havíamos passado de Resende, mas ainda estávamos antes da descida da serra. E ali ficamos por quase 3h. Haja paciência!!! Só cheguei na rodoviária do Rio um pouco antes da meia noite, ou seja, passei 24h viajando inutilmente, por causa de um concurso que não aconteceu.
Um dia para ser esquecido, mas que sei que não esquecerei. Fica então como um causo para contar no futuro...
Se você teve paciência de ler todo o meu relato até aqui, saiba que eu estou convencida de que isso tudo acabou acontecendo para melhor. Já tenho um novo projeto de doutorado e estou feliz por causa disso (assunto para um outro post, hehehe).
PS: A Cometa ainda não me deu resposta sobre o reembolso das passagens e eu provavelmente vou entrar com um processo contra a empresa. A culpa de eu ter perdido o concurso (no qual eu já estava em 1o lugar) foi inteiramente deles! Foi irresponsabilidade do motorista ficar tentando consertar o ônibus no meio da estrada, ao invés de pedir logo um substituto. Além disso, quando ele finalmente pediu o tal ônibus, demoraram muito mais do que o previsto para mandá-lo, uma total falta de respeito com os passageiros.